quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Greve dos professores


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When the United Auto Workers walk off the job, no one pretends they care…

Quando o sindicato dos trabalhadores na indústria automobilística faz uma greve, ninguém finge que está agindo no interesse dos compradores de automóveis. Todo mundo sabe que sindicalistas querem melhores salários, benefícios, condições de trabalho e proteção contra o desemprego, e fazer greve é uma forma eficaz de exercer pressão sobre os patrões.
O raciocínio não é diferente quando professores fazem greve. Sindicatos como a Associação Nacional da Educação, a Federação Americana de Professores e seus milhares de afiliados nos estados e nas cidades existem pela mesma razão que os sindicatos de trabalhadores na indústria automobilística: promover os interesses dos seus membros. No entanto, professores grevistas de escolas públicas e seus sindicatos insistem em dizer que estão agindo em nome das crianças. E nós, supostamente, devemos acreditar que as prioridades dos trabalhadores na educação estão perfeitamente alinhadas com as prioridades dos estudantes.
A greve dos professores de Los Angeles terminou na terça-feira, depois de 6 dias, e um observador casual teria motivos para pensar que a paralisação era só por causa dos alunos. Piqueteiros carregavam cartazes com frases como "Em greve por causa dos nossos alunos" e "Destinem recursos para nossas escolas / Dêem aos estudantes de Los Angeles as escolas que eles merecem". Um professor de ensino médio escreveu um artigo na semana passada, dizendo que ele estava fazendo greve por causa das suas responsabilidades: "Como professor, minha lealdade é com meus alunos. Estamos travando essa batalha por eles, e eles serão os vencedores". Em uma propaganda paga no New York Times, a presidente da Federação Americana de Professores, Randi Weingarten, usou uma linguagem semelhante. "Tudo os que os professores estão exigindo é para o bem das escolas públicas", escreveu. A greve é para "garantir que todas as escolas públicas tenham as condições que elas necessitam para o sucesso dos estudantes”. Será mesmo?
Antes da greve de Los Angeles começar, autoridades locais tomaram medidas para tentar manter as escolas funcionando, por meio da contratação de professores e auxiliares substitutos. Os professores grevistas fizeram tudo o que estava ao seu alcance para sabotar esses esforços, como levar para casa livros e materiais didáticos, para assegurar que eles não fossem usados durante a greve. Convenhamos, esse é um jeito estranho de zelar pelos interesses dos estudantes.
A referência feita pela presidente da Federação Americana de Professores a “todas as escolas públicas” é enganosa. Ela está se referindo na verdade a todas as escolas públicas cujos professores sejam membros de sindicatos. As escolas públicas que funcionam sob regime de gestão privada (public charter schools), que crescem a cada dia e cujos professores não são sindicalizados, não entram na sua estimativa. Nessas escolas estudam cerca de 20% dos estudantes das escolas públicas de Los Angeles, 12% mais do que há 7 anos, e impedir a expansão dessas escolas ‒ que não contratam seus membros ‒ tem sido a prioridade dos sindicatos de professores. As famílias estão fugindo das escolas comandadas pelos sindicatos; então, os líderes da categoria estão tentando bloquear a saída. Sindicatos de professores não querem saber se os estudantes são beneficiados por ter mais opções de escolas a escolher. O que importa são os interesses da categoria.
Os professores de Los Angeles estão seguindo o mesmo caminho que foi aberto no ano passado por educadores do Arizona, Carolina do Norte, West Virginia, Colorado e Washington. Eles querem maiores orçamentos para a educação, salários mais altos, classes menores e menos testes padronizados. Com outras palavras, eles querem mais salário e menos trabalho e fiscalização. Ora, quem não quer?
Para os professores, reduzir o tamanho das classes significa ter menos crianças para cuidar e menos deveres para corrigir. Para os sindicatos, significa mais empregos para os professores e, por fim, mais dinheiro para gastar fazendo lobby com políticos e responsáveis por políticas públicas, a fim de que as escolas continuem organizadas de um jeito que atenda, em primeiro lugar, aos interesses dos seus membros.
O sindicato obteve algumas vitórias no que tange ao salário e ao tamanho das turmas, mas saber se o acordo vai melhorar os resultados dos testes, os índices de aprovação escolar ou a qualificação para a universidade são questões secundárias para os líderes da categoria. E nós temos todos os motivos para acreditar que nada disso vai acontecer. Os Estados Unidos gastam hoje, em educação ‒ mais do que duas vezes o que gastava em 1970 e mais de três vezes o que gastava em 1960. Os gastos com escolas em distritos muito pobres são bem acima da média nacional.
E, no entanto, testes padronizados mostram pouca melhora e a persistência de grandes diferenças raciais. Sabe-se há tempos que o tamanho das classes importa muito menos do que a qualidade dos professores. Escolas "charter" com classes maiores tem rendimento melhor do que escolas públicas tradicionais com classes menores. Em países como Japão e Coreia do Sul, que normalmente se saem melhor do que os E.U.A. nos testes internacionais, o tamanho médio das turmas é maior do que aqui.
Sindicatos de professores são, primeiro, sindicatos, não reformadores ou defensores dos estudantes. Sua verdadeira agenda ‒ sua única agenda ‒ é proteger os interesses dos seus membros por todos os meios possíveis. Não importa o que dizem todos aqueles cartazes dos piqueteiros, os sindicatos não estão ajudando os estudantes. Eles estão usando-os.

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