Em 1864 as diferenças entre o Brasil Império e o Paraguai eram grandes, tanto no âmbito econômico quanto na situação política e cultural
Em 1860, o comércio exterior do Paraguai ( 560.392 de libras esterlinas) era 42 vezes menor que o brasileiro (23.739.898 de libras esterlinas). Situação semelhante também é constatada em relação à capacidade de arrecadação de impostos. Em relação a esse item a economia paraguaia no ano de 1864 (314.420 de lbras esterlinas) era 14 vezes menor que a brasileira. (4.392.226 de libras esterlinas)
A falta de investimentos na infraestrutura interna terminou por gerar um país atrasado, que, em 1870, quase não tinha estradas, e dispunha de poucos núcleos urbanos, os quais eram cercados de vegetação cerrada. Os aportes da economia Paraguaia eram basicamente revertidos em um projeto de modernização militar, mediante importação de armamentos, bens de capital e técnicos, em sua maioria Ingleses.
O governo controlava os meios de imprensa, constituídos pelo periódico oficial (o El Semanario) e a única “alternativa” (o Eco del Paraguay). Estrangeiros eram proibidos de comprar terras no país e ninguém era autorizado a entrar no Paraguai com livros, revistas ou jornais oriundos do exterior.
O Estado Paraguaio era proprietário de cerca de 90% do território, e de aproximadamente 80% da economia e não havia qualquer possibilidade de atuação da iniciativa privada, seja pela ausência de capital ou mesmo pela a inexistência de uma classe social para tal fim. Assim, coube o Estado, sob um novo viés, assumir o protagonismo junto à economia.
O Brasil Império, apesar de sua economia também ser essencialmente agrária e dependente do trabalho escravo, jamais impossibilitou a livre iniciativa ou a Impressa, tendo em 1864, 112 indústrias e 870 jornais independentes. A Estrada de Ferro Dom Pedro II, no Rio de Janeiro era a maior da América Latina em 1864 (450 quilômetros)
A Hegemonia do Brasil no Prata era evidente. Os interesses de brasileiros que lá estavam presentes representados pelo Banco Mauá que defendia os interesses dos charqueados gaúchos, que possuíam mais de 30% das terras uruguaias.
Já a Inglaterra, no período imediatamente anterior à guerra, foi o país que mais se beneficiou da mobilização militar paraguaia, ao receber grande parte do capital oriundo do Paraguai, uma vez que o material e os técnicos importados eram, em sua maioria, Ingleses Essa situação foi alterada com o início do conflito na região, haja vista que o bloqueio do Rio Paraná isolou o Paraguai, interrompendo qualquer possibilidade de comércio.
Apesar das disparidades aparentes com seu vizinho, Francisco Solano Lopez sabia da fraqueza Militar do Brasil (que em 1864 tinha um contingente de apenas 10 mil homens, contra 120 mil do Paraguai) no Mato Grosso e jamais imaginou que Dom Pedro II estaria disposto a mobilizar todo seu Império em uma Guerra contra a Invasão Paraguaia. Foi de fato seu maior erro estratégico
Fonte: Guerra do Paraguai: uma análise da decisão paraguaia de deflagrar o conflito com base na avaliação do Poder Nacional daquele país à época. Cel Inf LUIZ DUARTE DE FIGUEIREDO NETO
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