Quando se fala em campo de concentração, os leitores lembram de Hitler e de Stálin (os campos soviéticos inspiraram os alemães). Fontaine registra que Fidel construiu campos de concentração e de trabalhos forçados em Cuba. O francês Régis Debray anota: “Foi ele [Che Guevara, o falso romântico], e não Fidel, que[m] inventou, em 1960, na península de Guanaba, o primeiro ‘campo de trabalho corretivo”, que Fontaine chama de campos “de trabalhos forçados”. Fidel criou outros campos.
Fontaine relata que a Unidade Militar de Apoio à Produção (Umap), “verdadeiros campos de concentração”, funcionou de 1964 a 1967. Religiosos (católicos, protestantes, Testemunhas de Jeová), dissidentes e homossexuais eram jogados nesses campos. O governo tentou “curar” os homossexuais e, como não conseguiu, torturou-os e os manteve presos (quem quiser saber mais deve ler “Antes Que Anoiteça”, poderosas memórias de Reinaldo Arenas).
Fidel Castro e a Revolucao Comunista em Cuba sao produtos da identidade nacional cubana e nao podem ser entendidos fora do contexto historico da ilha. Com esse argumento, o jornalista e historiador britanico Richard Gott, que ha mais de 40 anos escreve sobre o contexto politico no Caribe, traca um panorama abrangente e profundo da ilha de Castro, do periodo pre-colombiano aos anos pos-Uniao Sovietica. Em uma narrativa acessivel e sem cair na armadilha dos extremos, marcada pela paixao revolucionaria ou pelo anticomunismo ideologico, Gott revela um pais de problemas raciais, rupturas politicas e muita violencia, construindo assim nao so uma representacao do processo historico cubano, mas tambem um reflexo dos povos das Americas. Uma leitura fundamental a todos os que desejam conhecer uma analise coerente e ate mesmo otimista da vida em Cuba sem Fidel Castro, a obra e um retrato politico, mas nao politizado, dessa pequena ilha que desafiou a historia e desperta paixoes muitas vezes irreconciliaveis.
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