O que seus avós não contaram sobre o governo JK

É comum escutar muitos dos brasileiros afirmarem que o governo de Juscelino Kubitschek foi um período áureo, conduzido por um presidente honesto que, além de construir Brasília, trouxe prosperidade social e econômica para o país. Na escola, também é comum ouvir os professores defendendo o governo JK, “por mais que este tenha aberto o país para o capital estrangeiro”.
Se analisarmos bem alguns aspectos econômicos do governo JK é possível entender o motivo pelo qual o estado não deve interferir na economia. O Plano de Metas que faria com que o Brasil crescesse 50 anos em apenas 5 é um dos exemplos de como as boas intenções podem levar a resultados desastrosos. É inegável que o Plano de JK trouxe inúmeros “benéficos” para o Brasil, durante o seu governo, tais como o maior salário mínimo da história do país (como se isso fosse bom), grande crescimento econômico (crescimento médio de 8% ao ano) e a ampliação do acesso a bens de consumo, como televisores, carros e geladeiras.
Entretanto, tais conquistas foram alcançadas através do crescimento de órgãos públicos), gastos públicos elevados sustentados por empréstimos internacionais e, posteriormente, emissão de moeda, que acabaram por elevar a dívida pública e a inflação. Falarei desses e de outros pontos a seguir.
Criando as bases da gastança estatal
O então Ministro da Fazenda José Alkimin tratou de controlar o processo de emissão de moeda através da restrição de crédito ao setor privado. Contudo, o mesmo tratou de disponibilizar recursos para os setores considerados estratégicos para o governo. Dessa forma, o estado possuía recursos suficientes para tocar o ambicioso plano.
Após a vinda de uma missão do Fundo Monetário Internacional para analisar a capacidade de o país seguir pagando a dívida que estava criando com o fundo, o grupo de analistas chegou a conclusão de que seria necessário mudar radicalmente os rumos da política econômica (inflacionária) que estava em vigor. Com isso, Kubitschek tratou de fazer alterações no Ministério da Fazenda, nomeando Lucas Lopes como ministro e, no BNDE, nomeando Roberto Campos diretor. Lopes desenvolveu um plano para estabilizar o processo inflacionário, denominado Programa de Estabilização Monetária (PEM). Dessa forma, o fim de subsídios e linhas de crédito ao setor industrial por parte do Banco do Brasil e aumento de impostos foram implementados.
Por mais que a Fazenda estivesse tentando conter a onda inflacionária, o governo não seguia a mesma política. Em 1959, Kubitschek autorizou um aumento de 30% no salário mínimo e ainda continuou concedendo subsídios. O então presidente do Banco do Brasil Sebastião de Almeida também não concordou com a política de Lopes e continuou concedendo crédito para o setor industrial.
Com o tempo, a política para inglês ver que era praticada por Lucas Lopes teve fim, uma vez que JK rompeu com o FMI. Como consequência, Lopes e Campos foram exonerados de seus cargos, o que deu passe livre para o aumento da política inflacionária através da emissão de moeda.
No setor público, a expansão do mesmo, através da criação das Superintendências de Desenvolvimento (órgãos ineficientes e profundamente corruptos) e a construção de Brasília (que custou 1 bilhão de dólares) , só tornaram os gastos do governo JK ainda maiores.