Ao divulgar as cidades empresariais é muito comum ver comentários do tipo: "é basicamente um condomínio" ou "é apenas um bairro privado". Contudo, o aspecto menos rico a se analisar é "quem" construiu a estrutura comunitária, se a iniciativa privada ou o poder público. A infraestrutura comunitária pode ser construída por ambos, embora, certamente, com maior eficiência e menor custo pela iniciativa privada. Ainda assim, construir estruturas físicas é um problema técnico.
O aspecto mais importante, frequentemente ignorado, é a maneira pela qual "construímos" instituições, como, por exemplo, normas, regulações, regras de convivência e uso dos espaços comunitários. O atual processo de "construção" é político. Claro que nesse processo as considerações técnicas estão no palco, mas podem ser desconsideradas durante os embates do processo político, ficando em segundo plano.
A partir do que eu disse no parágrafo acima, vocês podem me perguntar: você é um positivista? Acha que a sociedade deve ser pautada por considerações técnicas e não políticas?
Sim e não. Sim, porque, se defendo que o processo político de tomada de decisão esteja ausente das comunidades, o que me sobra são as considerações técnicas para fazê-lo. E não, porque o positivismo é uma ideologia a ser POLITICAMENTE imposta à sociedade. Não defendo um corpo de técnicos decidindo os rumos da sociedade, mas que instituições possam ser CONTRATUALMENTE oferecidas e aceitas de forma individualizada.
Sou contra a ideia de um governo constituído por técnicos, como, também, sou contra a ideia de um governo constituído por políticos, pois, em ambos, se pressupõe que a parte afetada pelas decisões não tem saída. Saída é a capacidade fundamental de recusar uma proposta. Isso é o que falta na governança.
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