quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Marxismo messiánico

Michael Lowy, cientista social: ‘Agora é que a história do socialismo está começando’

No Brasil para uma palestra e vivendo na França há 40 anos, marxista brasileiro especializado em Walter Benjamin relaciona revolução com impulso messiânico

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Michael Lowy fala sobre religião e marxismo, dá sua opinião sobre utopia e comenta tropicalismo
Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Michael Lowy fala sobre religião e marxismo, dá sua opinião sobre utopia e comenta tropicalismo - Marcelo Carnaval / Agência O Globo

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“Nasci no Brasil, fui para a Europa fazer tese sobre Marx e vivo na França há 40 anos. Tenho estudado o judaísmo libertário e o grupo de pensadores que articulou a tradição messiânica com a utopia revolucionária. Sou um ateu religioso. Acredito no marxismo e no homem, mas essa já é uma fé profana”
Conte algo que não sei
Estima-se que o derretimento das calotas polares elevará o nível do mar em 70 metros mas basta subir um metro para as principais cidades ficarem debaixo d'água. A sociedade industrial capitalista ocidental nos faz caminhar para o desastre mais rápido do que se esperava. Estamos sob ameaça do dilúvio, como na Bíblia. Precisamos pensar numa alternativa civilizatória radical, determinada pela decisão coletiva e democrática. Chamo isso de ecossocialismo.
Boa parte dos intelectuais marxistas, como o senhor, tem origem judaica. A religião que oprime é a mesma que liberta?
Walter Benjamim denuncia o capitalismo como religião mas diz que o materialismo precisa da ajuda da teologia para ser redentor. Há na tradição judaica o messianismo, promessa de um mundo do qual a opressão, a fome, a miséria, a guerra desaparecerão. Isso tem potencial subversivo, mas não é monopólio dos judeus. O pessoal teologia da libertação, leitor atento do antigo testamento, se apropriou. Há uma relação forte desse elemento profético com o cristianismo da libertação na América Latina.
Por que antigos militantes de esquerda convertidos ao liberalismo tratam com despeito a bandeira vermelha?
Quem muda de lado tem contas a acertar com o passado, e ataca quem se mantém fiel a ideias. Alguns dos maiores inimigos do socialismo foram socialistas antes. Para citar um nome, Mussolini. O problema não é o indivíduo, há gente honesta e humana em toda doutrina. Mesmo na escravidão havia senhores que tratavam bem os escravos. O problema é o sistema. A escravidão tinha de acabar. O mesmo diz-se do capitalismo.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/michael-lowy-cientista-social-agora-que-historia-do-socialismo-esta-comecando-14121271#ixzz3Q8NwAg00
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