quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O triunfo do cristianismo

The Triumph of Christianity

Filed under: Cultura,Livros,Política,Religião,Teoria — André Azevedo Alves @ 12:04
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The Triumph of Christianity: How the Jesus Movement Became the World’s Largest Religion
Mais um oportuno e corajoso artigo de João César das Neves: A grande fraude.
No seu recente livro The Triumph of Christianity (HarperOne, 2011) o reputado sociólogo da religião Rodney Stark faz um resumo de 40 anos de carreira e de uma impressionante lista de trabalhos de outros autores. O tema explícito é o paradoxo a que dedicou grande parte da sua atenção: “como foi possível que uma obscura seita judia se tenha tornado na maior religião do mundo?” (p.1). Só que, apesar de cobrir esparsamente os dois mil anos de história, pode dizer-se que o verdadeiro assunto do volume é bem diferente: derrubar uma enorme quantidade de mitos, erros e manipulações que a historiografia dos últimos séculos acumulou sobre a Igreja.

(…)
A Idade Média europeia não foi uma “idade das trevas” de miséria e obscurantismo, mas uma época brilhante da história do mundo, pois a ausência de impérios eliminou a escravatura e monumentos grandiosos, e o génio humano pôde virar-se para descobertas pragmáticas, das esporas aos óculos e moinhos, passando pelo capitalismo (p.242-5). As cruzadas não foram uma bárbara agressão colonial cristã contra muçulmanos inocentes. Não só nasceram de séculos de tentativas islâmicas de colonizar o Ocidente, mas nelas os nobres arruinavam-se em busca da salvação eterna (cap.13). A religião não é inimiga da ciência, mas foi na Igreja que nasceu e grande parte dos maiores cientistas são e sempre foram devotos (cap.16). “A Inquisição Espanhola foi um corpo bastante moderado, responsável por poucas mortes e salvou muitas vidas por se opor à caça às bruxas que varreu o resto da Europa” (p.418). “A afirmação de que a religião vai em breve desaparecer à medida que o mundo se torna mais moderno é apenas ilusão optimista de académicos ateus” (idem). Estas afirmações, e muitas outras, são demonstradas com apelo a números, factos e investigações sérias e comprovadas.
O livro não é uma obra de apologética, e estão bem presentes as misérias da Igreja na história (cap.15, 17, 20, 21). O propósito é antes demolir mistificações acumuladas ao longo de décadas, que se tornaram avassaladoras na opinião pública. Aliás, mais que para a história do cristianismo, o valor do livro está no que revela da nossa história intelectual.
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