A pretensão do conhecimento
por Friedrich A. Hayek, quarta-feira, 20 de julho de 2011
N. do T.: o texto a seguir, o pronunciamento de Friedrich Hayek em ocasião do seu recebimento do Nobel de economia, apresenta um ótimo resumo sobre a metodologia da economia. Por compilar tantas informações importantes em tão curto espaço, o texto pode parecer complexo à primeira vista. Sugere-se ao leitor que o imprima para poder lê-lo com mais atenção.
[Discurso à memória de Alfred Nobel, 11 de dezembro de 1974]
A ocasião especial dessa conferência, juntamente com o principal problema prático que os economistas enfrentam atualmente, tornaram a escolha deste tópico praticamente inevitável. Por um lado, a ainda recente criação do Prêmio Nobelem Ciências Econômicas é um passo significativo no processo pelo qual, na opinião do público geral, foi concedida à ciência econômica um pouco da dignidade e do prestígio das ciências físicas. Por outro lado, os economistas estão hoje sendo chamados para salvar o mundo livre da séria ameaça da aceleração inflacionária, que foi causada — devemos admitir — pelas mesmas políticas que a maioria dos economistas recomenda, com grande insistência, que os governos adotem. Com efeito, resta-nos nesse momento poucos motivos de orgulho: como profissionais, criamos uma enorme bagunça.
Parece-me que essa incapacidade dos economistas em sugerir políticas mais bem sucedidas está intimamente ligada à propensão a imitar, o mais rigorosamente possível, os procedimentos das mais brilhantemente exitosas ciências físicas — tentativa essa que, em nosso campo profissional, pode levar a erros crassos. Esta é uma abordagem que passou a ser descrita como sendo uma atitude "cientificista" — uma atitude que, como defini há cerca de trinta anos, "é decididamente não científica no verdadeiro sentido do termo, pois envolve uma aplicação mecânica e indiscriminada de hábitos de pensamento a campos diferentes daqueles em que esses hábitos foram formados"[1] Quero hoje iniciar essa palestra explicando como alguns dos mais graves erros da atual política econômica decorrem diretamente desse erro científico.
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[Discurso à memória de Alfred Nobel, 11 de dezembro de 1974]
A ocasião especial dessa conferência, juntamente com o principal problema prático que os economistas enfrentam atualmente, tornaram a escolha deste tópico praticamente inevitável. Por um lado, a ainda recente criação do Prêmio Nobel
Parece-me que essa incapacidade dos economistas em sugerir políticas mais bem sucedidas está intimamente ligada à propensão a imitar, o mais rigorosamente possível, os procedimentos das mais brilhantemente exitosas ciências físicas — tentativa essa que, em nosso campo profissional, pode levar a erros crassos. Esta é uma abordagem que passou a ser descrita como sendo uma atitude "cientificista" — uma atitude que, como defini há cerca de trinta anos, "é decididamente não científica no verdadeiro sentido do termo, pois envolve uma aplicação mecânica e indiscriminada de hábitos de pensamento a campos diferentes daqueles em que esses hábitos foram formados"[1] Quero hoje iniciar essa palestra explicando como alguns dos mais graves erros da atual política econômica decorrem diretamente desse erro científico.
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